Foi absolvido, na tarde desta terça-feira, Paulo Carvalho, pai de Rafael Nunes Carvalho, uma das vítimas do incêndio na boate Kiss.
A sentença, assinada pelo juiz Leandro Augusto Sassi, da 2ª Vara Criminal de Santa Maria, absolve Carvalho. O juiz, em seu despacho, considera que não houve crime de calúnia e de difamação, alegação inicial dos promotores Joel Dutra e Maurício Trevisan que motivou o processo.
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Apesar de, recentemente, o Ministério Público protocolar um pedido de absolvição nos casos em que promotores processaram pais da Kiss, o juiz julgou o mérito. Na conclusão do despacho, o juiz considerou que o pai da vítima disse o que pensava:
Disse PAULO o que pensava. Não tinha dolo de imputar, falsamente, nenhum fato desabonatório a ninguém. Podia PAULO estar errado? Sim! Possivelmente estivesse, já que eu, que há anos convivo com os Promotores MAURÍCIO e JOEL sou testemunha do empenho e da dedicação destes profissionais no seu mister diário de busca à Justiça.
Agora, mesmo que a opinião de PAULO fosse equivocada, não vejo como não ser dado a ele o direito de expô-la.
Quantas vezes dizemos o que pensamos e vemos ao fim o quão errado estávamos, mas mesmo assim, deve sempre nos ser resguardado o sagrado direito de dizer.
Sombrios os tempos em que as liberdades eram tolhidas, os textos censurados, os pensadores exilados, os corajosos torturados e "desaparecidos".
Pedro Barcellos Junior, advogado de Carvalho, disse que seu cliente nunca teve intenção de difamar ou caluniar e que, agora, espera pela absolvição de outros pais que também foram processados:
– Eu sempre disse, continuo dizendo e sempre vou dizer que não houve crime. Foi uma crítica, de um pai que perdeu o filho, desesperado por justiça.
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Carvalho disse que nunca se sentiu culpado e que nunca ofendeu ninguém.
– O que eu fiz foi uma crítica contundente a um processo injusto de um crime tão grave, uma tragédia tão grande que aconteceu em Santa Maria. Nós vamos seguir buscando justiça e esse sentimento não mudaria mesmo que eu fosse condenado – desabafou.